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segunda-feira, 31 de março de 2008

Óscar da Silva - 50º Aniversário do Seu Falecimento

No passado dia 6 de Março completaram-se 50 anos sobre a morte de Óscar da Silva, eminente músico português, reconhecido internacionalmente, que passou partes importantes da sua vida aqui, em Leça da Palmeira, onde também está sepultado.
Óscar da Silva Corrége Araújo nasceu no Porto, (na Rua de Costa Cabral), a 21 de Abril de 1870. Iniciou os estudos na área da música aos onze anos, altura em que compôs a sua primeira peça, “Hino Infantil”. Começa a frequentar o Conservatório Nacional com 14 anos e, em 1891, apresenta-se como pianista, começando desde logo a ter grande sucesso. No ano seguinte recebe uma bolsa de estudos da Rainha D. Amélia e vai estudar piano e composição para o Conservatório de Leipzig (Alemanha). Ali prossegue estudos com Clara Schumann, viúva do compositor alemão Robert Schumann e uma das maiores pianistas de todos os tempos, que terá afirmado que nunca ninguém tinha interpretado as composições do marido como Óscar da Silva o fez.
Entre 1894 e 1921, já a viver em Leça, na Rua Moinho de Vento, faz várias tournées pela Europa e América, sem esquecer a terra de acolhimento, tendo dado o 1º recital no Clube de Leça, em 1896. Entretanto, os pais, João da Silva Araújo e D. Luísa Augusta Corrége, aqui morrem, entre 1909 e 1910, altura em que deixa a casa da Rua Moinho de Vento e vai viver para casa de um amigo no Lugar de Vila Franca, na rua que viria a ter o seu nome.
Parte para o Brasil em 1930, onde vive cerca de 20 anos, regressando a Portugal a convite de António Salazar. Em 1935 vê grande parte da sua obra publicada e é condecorado com a Ordem de Santiago e Espada. Regressa a Leça da Palmeira em 1954, onde morre a 6 de Março de 1958.
Intérprete genial de Chopin e de Schumann, a sua arte superior foi aplaudida em todo o mundo. Destacou-se também como compositor. Essencialmente romântico, seguiu a evolução modernista e aceitou com entusiasmo as novas correntes, sendo considerado o iniciador da música moderna em Portugal, traduzindo, através da música, o lirismo da alma nacional, até aí apenas manifestado na poesia. Assim compôs “Nostalgias”, “Sonata das Saudades”, “Queixumes” e “Dolorosas”, esta última tocada nas suas exéquias.
Foi retratado na imprensa da época como “Dotado de um temperamento especial e personalidade própria. No seu olhar tristemente doce descobria-se a candura das almas boas. Coração nobre, afectuoso, fidalgo (…)”e Fialho de Almeida disse dele: “Figura fina; tez pálida; olhos de lusíada deixando ver na limpidez pupilar o fundo da alma. Gestos simples, maneiras tão belas e frases tão sóbrias que não seria possível deixar de sentir-se preso, quem a primeira vez dele se acercasse.”
Inicialmente sepultado no jazigo de António de Carvalho (da FACAR), os restos mortais de Óscar da Silva foram trasladados para o mausoléu construído pela Junta de Freguesia, em 21 de Abril de 1967, nove anos após a sua morte.

Mariana Sequeira
in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 1 - Março de 2008